segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Baarìa


Hoje assistir um filme, cujo nome é Baarìa (2009), de produção italiana. A verdade é que queimo em um sentimento paradoxal de felicidade e ira quando desabo em meus juízos precocemente estabelecidos. A verdade é que antes assistir uma comédia, também italiana, de Pietro Germi datada em 1965, Signore & Signori. Uma digna comédia nostalgicamente rodada em preto e branco e um pouco demasiada longa. Havia lido a sinopse Baarìa e decidi assisti-lá, os ingressos haviam esgotado, mas esperei já que o meu nome encabeçava a fila dos retardatários. A fotografia é belíssima e o filme possui muitos símbolos. Perto do fim já havia feito a minha “análise crítica” e o julgava um bom filme, mas que não me surpreendera. Logo sucederam uma série de imagens aparentemente sem sentido que desenrolo um conjunto de provocações sensórias deixando-me mudamente reflexivo. Engraçado que uma música não sai da minha cabeça e não a sinto co-relacionada com o filme, e sim comigo após o filme. Como é bom se enganar.

J. Compasso

Película: Baarìa (2009) - Giuseppe Tornatore
Na vitrola: "Pedaço de mim" – Chico Buarque

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sagaz desejo

É bem verdade que o seu coração ainda lateja
E nas noites mais frias e cálidas seu corpo arde
Tem saudade do toque, do cheiro, da cor e dos olhares cúmplices

Deseja desejar um fim
Um final que está além das ferramentas lançadas pelo seu racional
Corpos quilômetros de distância, sem vestígios matérias de lembrança, cartas, ou notícias

Todo o esforço é pouco, sua imagem ainda é recorrente
Seu racional não sabe como controlar o incontrolável
A emoção está acima da razão, em um campo que sempre pensou controlar, sente-se fraco

Deseja desejar um fim
Procura acreditar no fim que decretou e o espera pacientemente
A verdade que por ser eterno, os momentos perduraram como testemunhas em seu coração

J. Compasso

Na vitrola: Soko - "I'll Kill Her" + "Take My Heart"

sábado, 21 de novembro de 2009

A poesia o chama


A poesia o chama novamente.
É preciso escrever, é preciso viver.
Algo em sua aparente perfeição o incomoda, algo visceral. Busca em todos os seus contornos, formas, e não o encontra. Vasculha o seu ser mais profundo, busca em seu íntimo, mas é fadado pela ausência do nulo. Na sala de sua casa, um sofá velho e acolhedor o aguarda. É o começo de tudo. Na vidraça da janela que antes era vazada pelo sol da primavera, agora repousa um triste céu cinza-gris, que o torna mais cético. Devanear tornar-se uma tarefa imediatista de sua realidade. Nada o convence e tudo permanece. O tempo de tão lento chega, por um momento, a repousar. Estar estagnado no silêncio do seu coração.

J. Compasso

Na vitrola: Evening Falls - ENYA

domingo, 15 de novembro de 2009

Domingo


Domingo é um dia, para ele, que remete felicidade. Gosta de acordar cedo e aproveitar o dia, o que pouco acontece porque também é fascinado pelas noites dos sábados. Acorda na hora do almoço, com uma felicidade de viver incrível. Abre a janela e deixa o sol adentrar a sua alma. Liga a vitrola e põe o lado mais preto de Vinícius para tocar. O samba o leva a uma viajem de tempo, espaço, sentimento. Embriagado por essa liturgia sensorial que gosta de impor a sua vida faz o almoço e sente-se feliz por ceia com amigos. Devaneiam, assistem um filme, perdem os olhares e pensamentos no horizonte e saem. Abrem a porta do mundo, das diversidades, da cultura viva e empírica.

J. Compasso

Foto: J. Compasso
vitrola: "Samba da Benção" - Vinícius de Moraes

sábado, 7 de novembro de 2009

Momentos mágicos

Vivo dias de calmaria e de “agitaria”
Vivo o que sempre busquei
Amigos, secos e molhados, cerveja, casa

Estou claro
Estou brando
Estou criando

Sou mais
Sou menos
Sou

Feliz
Grande
Compartilhado

Momentos existem para eternizarmos
Amigos para nos lembrarmos o significado de família
E nós, finalmente, existimos para vivermos e evoluirmos

J. Compasso

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cachola Ociosa

A vida costuma passar bem em frente aos nossos olhos. Fazer-se valer dos verbos; desejar, tentar, viver, é outra questão, diria que um mote de escolha. Não temos muito tempo para pensar, já estamos ao vivo e por isso, em muitos momentos, ligamos o piloto automático e seguimos. Sem consciência de quem somos nós, dos nossos objetivos de vida, das nossas escolhas. Somos parados pelo medo e abandonamos sonhos para seguirmos caminhos mais amenos. A dificuldade faz parte do prêmio, ou da evolução (como quer que seja). Os melhores esportistas do mundo que os diga. Então, quando mais tarde acordar e sentir o corpo pesado, as mãos trêmulas e o enfado da vida de ter deixado de realizar sonhos que desejará e agora apenas reside em uma cachola velha, saberás que foi sua opção. Esse sonho que você ainda o cultiva ninguém jamais o conhecerá (porque não vivestes e conseqüentemente não tens histórias para contar) e viverás com esse segredo–amargo. Essa eterna sensação de quem quase viveu, e como diz o poeta, “quem quase vive, já está morto”. Abra os olhos, levante e faça. Você ainda respira.

J. Compasso

Vitrola: Amen Omen - Ben Haper