domingo, 22 de março de 2009

Leves e mutanos


No começo era apenas azul. Sem momentos, nem sentimentos, era apenas azul. Limpo, forte, o céu refletia a terra se tornando seu mundo paralelo. Nesse imenso azul, sentíamos a ventania predominante forte, solitária e sem rumo. A sua força perante aquele cenário era tão intensa que surgiu não um barulho, mas um som, uma sinfonia que era regida na inconstância de veemência daquele vento frenético.
Porém, a partir do momento em que o sonho faz parte de nossas vidas, nos tornamos vivos. Nosso nascimento é como uma nuvem singelamente branca, suave e leve no meio daquele pleno tão pesado, ventilado, grande e azul. E apesar de ser apenas uma pequena nuvem, ainda em formação com dúvidas e incertezas, sua essência é forte e pura. Assim, foi levada de um lado para o outro, de cima para baixo, sendo moldada de diversas formas pela força dos ventos. Por mais que reagisse, estava sendo reformulada a cada segundo, em todos os momentos, apreendendo com suas experiências e se fortalecendo em seus ventos. Aos poucos a pequena nuvem, já não era mais tão pequena e possuía tamanha densidade, que os ventos menores já não a modificavam tanto. E com o tempo, essas transformações vão se tornando mais evidentes e constantes, fazendo com que sua essência nostálgica o qual ela foi constituída, concebida, desapareça, ou fique apenas guardada em uma memória distante.
Assim, essa nuvem vive uma série de mudanças; recebe, como nunca havia recebido, a densidade da água, mudando completamente sua estrutura, sua característica fisiológica, seu peso, sua cor. E depois de agüentar por algumas horas essa mudança, desaba-se e parte torna-se fragmentos materializados em cristais de água, que se espalham, espalhando um pouquinho dela pelo mundo. E depois dessa perda tão renovadora, transforma-se novamente em uma nuvem parecida com o que era no seu início. Na verdade, a velocidade desses movimentos é tão grande que ela torna-se uma brevidade de tempo e transformações.
Porém, essa é apenas uma etapa. Tal com as nuvens, nós temos um propósito maior. É preciso transcender em estados para se fazer vivo. É preciso desaparecer para se fazer presente.
Então, seremos novamente nuvens em busca de semelhantes para nós tornarmos mais fortes! Somos atraídos por uma energia que tramita em uma freqüência que seu acesso é regido por um absoluto (pensamentos) que todas as nuvens (pessoas) comungam. E em semelhantes criamos novas formas no céu (desta vez mais harmônicas e serenas) e nos espalhamos através de gotas d’agua mais inteiro, uno. Nós evoluiremos a cada movimento, a cada vento, e mudaremos, agora, a partir do nosso "livre arbítrio", que interfere nas nossas formas.
A Nuvem encontra-se e através do vento viaja e expande se em lacunas de vento até fazer-se aos olhos ignorantes, apenas vento.


J. Compasso

[texto ainda em construção, escrito em 31-05-08]

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