terça-feira, 29 de setembro de 2009

Trasviada


Fomos ontem e hoje continuamos a sermos os mesmos rostos, formas e anseios. Invejava o ideal utópico da juventude de sessenta e a rebeldia de setenta e oitenta. Viajando vejo que esses ideais sobrevivem ao tempo e espaço, inerente à juventude. Herdamos o mesmo sentimento impulsionador e até as mesmas experiências, mas nossas vivências se tornam fungíveis por sermos únicos. Podemos tudo, estamos prontos para nos atirarmos ao mundo, temos saúde, somos fortes, transamos muito, estamos em plena atividade. Esses atrativos são o que tornam essa fase tão especial, fazendo com que alguns poucos a desejem para sempre, e assim se aprisionam nas suas contradições. A juventude é liberdade. Tudo é passageiro, tornando-se um ciclo infinito. E sendo assim eterno. Ao se libertar eternizaremos a nossa juvendute.

J. Compasso

Foto: Revista Life - Woodstock
Vitrola: "Saudade" - Marcelo Camelo

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Laços


As coisas acontecem sempre com algum propósito. Assim, ele escutara por suas andanças, assim ele acreditava. Em seus primeiros passos em novos desafios, fitava o mundo como se do tamanho dele, fosse. Desafiava-o com um sorriso sincero e confiante. No entando, es que sente o que nunca havia sentido, ao menos nesta situação, o peso do mundo. Ao ocorrido seu instinto era apenas seguir em frente com olhar fixo para o horizonte, seguia com passadas grandes, o Ray-Ban pouco pode evitar as lágrimas que insistiam em cair. E nesse momento, teve a certeza que não pudera ser do tamanho do mundo, contudo maior.

Vitrola: "O samba chegou" - Bonsucesso Samba Club

J. Compasso

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Retrato


Ele esta novamente na estrada. Uma metáfora clichê caberia neste momento, “a estrada da vida”, não deixa de ser, como queira. Desta vez seu destino e o caminho que traça não é o esperado. Anseia a viajem que julga ser o marco de sua nova fase, como a transição da puberdade, ou velhice. O importante que será o divisor. Sonha com ela todos os dias e almeija como um adolescente que ensaia sentimentalidades ao ter contato, mesmo que breve, com o amor. O medo de todas suas certezas é percebido em fragmentos de negativismo. Afinal a única certeza que nos convém é a do fim. Bem, ao menos assim penso. Todas as outras podem se transformar em perigosas desilusões.

Vritola: "Now That I Know" - Devendra Banhart
Foto: Kk Compasso

J. Compasso

domingo, 13 de setembro de 2009

Wien


Em pub de um hostel, respiro, através de um inspirado violão e uma voz que traduz além do cantar. Temos a mesma ambição inquietante da juventude, as nossas buscas se fazem presente em nossas atitudes. Nosso sorriso? Representa uma vitória, um abraço, um sim. Não desejamos mal a ninguém, mas também sentimos muita raiva às vezes. Estamos construindo algo maior do que apenas crescer, casar, envelhecer e morrer. Porque independente da idade, nós somos jovens. Cantamos, choramos, comunicamos. Através de um olhar, um inglês mal falado, uma cerveja, uma palavra. Somos iguais mesmo estando diferentes. Nacionalidade, raça, cores e culturas, servem para agregar, a evolução se faz presente nos detalhes do agora. Amamos e queremos ser amados, queremos mais do que simplesmente ter, ou mesmo ser, queremos sentir em todas as variantes deformadas e violadas. Somos um todo, um resumo, mesmo que a palavra nos leve ao esdrúxulo estereótipo da definição, de emoções e anseios indecifráveis que nos faz sonhar.


J. Compasso

Vitrola - Somewhere Over The Rainbow,What A Wonderful World (ao vivo do pub)
Foto - Eu