quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ultimo dia do Ano!

O ano esta perto de caducar...

Muitas coisas foram feitas, mas ainda restam algumas horas para fazer mais
Lagrimas foram derramadas, porem ainda podem se transformar em sorrisos
Palavras foram lançadas, mas ha tempo de desviar seus cursos

Sorrisos podem ser intensifidos da sua cota anual
Como também abraços, beijos e palavras doces

Mas se 2009 se tornou curto para transformar, ritualize e se prepare para o novo ano que adentra. A mistica da vida so se faz presente quando acreditamos nos nossos sonhos. Sonhe! Tome um bom banho com ervas finas, sinta a agua escoar o que foi negativo e banhar te com boas energias. Sinta-se zerando, esvaziando, para poder renascer como o novo ano. Arrume-se com cuidado e se sinta bem, amado. Na virada emane e dissipe amor e bons pensamentos, acredite nos seus sonhos, acredite em voce. Somos resultado de nossos sonhos e desejo.

J. Compasso

Ps: Texto escrito em Valencia, com falhas ortograficas por estar em um teclado italiano e pouco tempo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

I'm sexy a lot


É incrível como a moda cruelmente padroniza as pessoas. Mas do que isso, ela saqueia algo de especial que cada um tem; a peculiaridade de ser. Somos um acúmulo de anos de vivências e influências, podemos ser o máximo, mas ela nos torna em mínimo. Uma inquietação natural pode surgir neste momento; “Que viajem é essa, João?

Já era alvo desta reflexão, que se atenuou desde minha chegada a Espanha. “Estava no metro quando entrou um garoto ‘normal’ com sua calça caída, cabelo a estilo Cristiano Ronaldo, fones de ouvido, tênis extravagante e casaco de couro, a priori nada demais, totalmente comum. Logo em seguida entram outros exatamente iguais, pensei que se conheciam, por tamanha semelhança, mero engano. O problema residia ai, comum demais.”

Não sou um ativista contra moda, alias gosto bastante de usá-la como “referência”, o que é bem diferente de tê-la como ditadora. Tento afastar o pré-julgamento, mas me deparo com a inocência da existencialidade. Oprimindo o verdadeiro expressar, por ser determinante na inclusão social. Encontrei poucos (contados nos dedos de uma mão) corajosos cabeludos de madeixas longas e encaracoladas, como eu. Não as tenho por ser um anarquista social (sim! A moda é totalmente social). Esta é apenas minha verdadeira forma de me expressar hoje, mesmo que anormal aos olhos dos comuns. Porém como todo o meu ser, é alvo iminente de possíveis de contraturas mutáveis.

J. Compasso

Vitrola - "Lula Cortês e Zé Ramalho - Paebiru" (1975) [albúm]
Película - "Humpday" (2009)


Foto - J. Compasso

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Origem, natal, nascimento


O que leva as pessoas a se darem presentes?
O que leva a ficarem mais emotivas, suscetíveis?
A enfeitarem as ruas? Montar árvores em casa ou comprar bolas de cristal?

Aah...o natal!

O que leva as pessoas a se reconciliarem?
O que leva a comprarem peru, ou “chester”?
A olharem para o outro como igual?

Aah...o natal!

O que leva as pessoas comprarem luzes de todas as cores?
O que leva a se reunirem em família?
A brindar com um caro champagne?

Aah...o natal!

Um conjunto de rituais que por serem tão fortes e presentes, perde-se em essência. Para comemorar a origem do amor não é preciso peru, presentes, ou mesmo família. É preciso reflexão sobre o que somos e o que desejamos ser. É fazer o bem sem olhar a quem durante todo o ano. O natal deve viver todos os dias dentro da gente. As vezes ele soa como hipocrisia na boca do homem que passa todo o ano olhando para si e no natal tem um lapso de consciência humanitária. Então logo paro de julgar e fico feliz, que ao menos esse dia as pessoas se transformam…ao menos esse dia…

J. Compasso

Película - "Noviembre"(2003)
Vitrola - "Notte"; Ludovico Einaudi


Foto - J. Compasso

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Como folhas...


As palavras me faltam, como o sol neste inverno gelado
Expressar-me, tornou algo solitário, que não ultrapassa mais que as vias do pensar
A neve não trás só o frio, mas a ausência de não ser
Quero atuar além do palco da vida

Tornei-me obsoleto com minhas idéias
Fiz várias escolhas e sigo caminhando
Olho para trás e parece que ainda sou o mesmo garoto sonhador
O tempo está voando e ainda não conseguir ser alguém maior

O garoto persiste e tenho medo de ser eternamente este estigma
Quero ultrapassar a barreira do imaginário e fazer algo maior
O cansaço me desestabiliza, mas não vou parar, não posso parar
Meu desejo de viver me torna eterno

J. Compasso

Película – Irmão sol, irmã lua (1972)
Vitrola – “Eden Roc”; Ludovico Einaudi

Foto - J. Compasso

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sonho

Apesar de ser meio egocêntrico, este é um espaço que criei para publicar meus pensamentos, devaneios, com raríssimas exceções como o texto a seguir. Faço uma homenagem ao grande amigo, nono germano, que me escreve.

J. Compasso


Sonho com um dia melhor, quando acordarei tranquilo sem medo do amor, sem medo do futuro, sem medo de chorar.

Sonho em rever meus amigos que não vejo faz tempo.

Sonho em ver meu time campeão, o estádio lotado; alegria geral.

Sonho com uma rotina mais tranquila, dieta balanceada, musica leve ao fundo e casa com decoração amena.

Sonho com as festas intermináveis, balada pesada, galera bonita e clima de descontração. Bebida boa, mulheres idem.

Sonho...

CCS

Na telona: BOOGIE NIGHTS PRAZER SEM LIMITES
Na vitrola: Carl Douglas - Kung Fu Fighting

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Outono Boreal


O calor do verão de fato já havia ido embora, mas o outono estava atrasado
As árvores continuavam verdes, as roupas ainda leves e as pessoas desconfiadas com a previsão anunciada
Sem casacos, guarda-chuvas, ou cachecóis, todos estranhavam a falta da estação aonde as folhas vermelhas parecem estar em chamas
Aos poucos, as folhas timidamente começam a amarelar e desvincular por vezes secas de seus ramos
A renovação do ciclo engrenara como a continuidade da vida
E como é bela essa continuação
O outono chegou atrasado, mas com uma força exuberante
Fazendo-se notar nas ruas, nas folhagens, na temperatura e nos olhos do poeta

J. Compasso

Foto: J. Compasso

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Baarìa


Hoje assistir um filme, cujo nome é Baarìa (2009), de produção italiana. A verdade é que queimo em um sentimento paradoxal de felicidade e ira quando desabo em meus juízos precocemente estabelecidos. A verdade é que antes assistir uma comédia, também italiana, de Pietro Germi datada em 1965, Signore & Signori. Uma digna comédia nostalgicamente rodada em preto e branco e um pouco demasiada longa. Havia lido a sinopse Baarìa e decidi assisti-lá, os ingressos haviam esgotado, mas esperei já que o meu nome encabeçava a fila dos retardatários. A fotografia é belíssima e o filme possui muitos símbolos. Perto do fim já havia feito a minha “análise crítica” e o julgava um bom filme, mas que não me surpreendera. Logo sucederam uma série de imagens aparentemente sem sentido que desenrolo um conjunto de provocações sensórias deixando-me mudamente reflexivo. Engraçado que uma música não sai da minha cabeça e não a sinto co-relacionada com o filme, e sim comigo após o filme. Como é bom se enganar.

J. Compasso

Película: Baarìa (2009) - Giuseppe Tornatore
Na vitrola: "Pedaço de mim" – Chico Buarque

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sagaz desejo

É bem verdade que o seu coração ainda lateja
E nas noites mais frias e cálidas seu corpo arde
Tem saudade do toque, do cheiro, da cor e dos olhares cúmplices

Deseja desejar um fim
Um final que está além das ferramentas lançadas pelo seu racional
Corpos quilômetros de distância, sem vestígios matérias de lembrança, cartas, ou notícias

Todo o esforço é pouco, sua imagem ainda é recorrente
Seu racional não sabe como controlar o incontrolável
A emoção está acima da razão, em um campo que sempre pensou controlar, sente-se fraco

Deseja desejar um fim
Procura acreditar no fim que decretou e o espera pacientemente
A verdade que por ser eterno, os momentos perduraram como testemunhas em seu coração

J. Compasso

Na vitrola: Soko - "I'll Kill Her" + "Take My Heart"

sábado, 21 de novembro de 2009

A poesia o chama


A poesia o chama novamente.
É preciso escrever, é preciso viver.
Algo em sua aparente perfeição o incomoda, algo visceral. Busca em todos os seus contornos, formas, e não o encontra. Vasculha o seu ser mais profundo, busca em seu íntimo, mas é fadado pela ausência do nulo. Na sala de sua casa, um sofá velho e acolhedor o aguarda. É o começo de tudo. Na vidraça da janela que antes era vazada pelo sol da primavera, agora repousa um triste céu cinza-gris, que o torna mais cético. Devanear tornar-se uma tarefa imediatista de sua realidade. Nada o convence e tudo permanece. O tempo de tão lento chega, por um momento, a repousar. Estar estagnado no silêncio do seu coração.

J. Compasso

Na vitrola: Evening Falls - ENYA

domingo, 15 de novembro de 2009

Domingo


Domingo é um dia, para ele, que remete felicidade. Gosta de acordar cedo e aproveitar o dia, o que pouco acontece porque também é fascinado pelas noites dos sábados. Acorda na hora do almoço, com uma felicidade de viver incrível. Abre a janela e deixa o sol adentrar a sua alma. Liga a vitrola e põe o lado mais preto de Vinícius para tocar. O samba o leva a uma viajem de tempo, espaço, sentimento. Embriagado por essa liturgia sensorial que gosta de impor a sua vida faz o almoço e sente-se feliz por ceia com amigos. Devaneiam, assistem um filme, perdem os olhares e pensamentos no horizonte e saem. Abrem a porta do mundo, das diversidades, da cultura viva e empírica.

J. Compasso

Foto: J. Compasso
vitrola: "Samba da Benção" - Vinícius de Moraes

sábado, 7 de novembro de 2009

Momentos mágicos

Vivo dias de calmaria e de “agitaria”
Vivo o que sempre busquei
Amigos, secos e molhados, cerveja, casa

Estou claro
Estou brando
Estou criando

Sou mais
Sou menos
Sou

Feliz
Grande
Compartilhado

Momentos existem para eternizarmos
Amigos para nos lembrarmos o significado de família
E nós, finalmente, existimos para vivermos e evoluirmos

J. Compasso

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cachola Ociosa

A vida costuma passar bem em frente aos nossos olhos. Fazer-se valer dos verbos; desejar, tentar, viver, é outra questão, diria que um mote de escolha. Não temos muito tempo para pensar, já estamos ao vivo e por isso, em muitos momentos, ligamos o piloto automático e seguimos. Sem consciência de quem somos nós, dos nossos objetivos de vida, das nossas escolhas. Somos parados pelo medo e abandonamos sonhos para seguirmos caminhos mais amenos. A dificuldade faz parte do prêmio, ou da evolução (como quer que seja). Os melhores esportistas do mundo que os diga. Então, quando mais tarde acordar e sentir o corpo pesado, as mãos trêmulas e o enfado da vida de ter deixado de realizar sonhos que desejará e agora apenas reside em uma cachola velha, saberás que foi sua opção. Esse sonho que você ainda o cultiva ninguém jamais o conhecerá (porque não vivestes e conseqüentemente não tens histórias para contar) e viverás com esse segredo–amargo. Essa eterna sensação de quem quase viveu, e como diz o poeta, “quem quase vive, já está morto”. Abra os olhos, levante e faça. Você ainda respira.

J. Compasso

Vitrola: Amen Omen - Ben Haper

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Tempos claros, idos, calmos, agitados


A natureza da instabilidade é algo que incrivelmente o impressiona. Por ser algo natural não deveria impressioná-lo, e pelo mesmo motivo o inquieta; - como isso pode ser visto como algo natural?
O ser humano é um ser de estados e isso é natural. Mas as oscilações mais freqüentes e radicais estimulam mudanças de comportamento que em certos estados, pode ir de encontro até mesmo com os seus princípios mais intocáveis. A grande verdade é que ele não se conhece em sua ingenuidade. A reflexão de sua volubilidade o assusta, principalmente por não sentir medo. Ele encontra-se com o seu EU desconhecido (ou escondido?). É preciso conhecê-lo para controlá-lo.

J. Compasso

Vitrola: Jesus, walk with me – Club 8
Foto do filme Into the wild - Dir. Sean Penn (2007)

Agradecimento especial à Gazeta dos Blogueiros - http://www.gazetadosblogueiros.com - por premiar meus vagos devaneios com o prêmio Destaque GB!

sábado, 24 de outubro de 2009

Passion


Texto de 10/2004

VIVER apaixonado cada MomenTo; ver o SOL se por; ver o sol nascer EspErandO, Sozinho, uma OnDa PERFEITA às 5 da MaTiNa...tomar um açai depois do surf; da forma CORUJA que minha MÃE me trata...ChoColaTE com MorangO; deitar na Telha para VER o BRILHO das Estrelas; champagnhe com lagosta; TAPIOCA na Sé...estar com meus AMIGOS, pois é a FAMÍLIA que me foi PermItIdo escolher; salmão com um bom cabernet sauvignon...DURMIR abraçadinho; respirar e sentira VIDA...

VIAJAR;

IncensO; ARTE; o CHEIRO de chegar em CASA; O OlhAR dO mEu PAI...Uma Ducha Quente; recIFE; massagem a beira da praia...cinema, TeaTro; escutar o SOM das ondas; caminhar na PraiA e SENTIR a água...

viver, EscrEvEr e SONHAR...

ler as poesias de Vinicius, FERNANDO Pessoa, LER um bom livro; Errar e Aprender; AMAR as pessoas incondicionAlmente, e se me PERGUNTAREM se valeu a pena poder DiZer que
tudo vale a pena se a alma nao é pequena*


* Fernando Pessoa

J. Compasso

Foto by Kk Compasso
Vitrola: Shelter - Xavier Rudd

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cotidiano nostálgico


Ele acorda e já esta em sua realidade planejada, aonde agora a executa. O frio matinal traz um ar bucólico, suas primeiras atividades adentram a tarde e tomam todo o seu dia. Organiza o seu quarto em cada minúcia, é fascinado pelo detalhe. Põe algumas roupas para lavar na máquina que pouco conhece, faz seu café da manhã e o come sozinho na mesa redonda da sala. Escova os seus dentes e se observa diferente no espelho luminoso que parece falar. Estende suas roupas no varal, engraxa alguns sapatos e outros apenas os limpa. Põe o seu novo avental e se aventura na cozinha, aonde descobre o que sempre acreditou sentir, prazer em cozinhar. O faz com alegria, entusiasmo de aprendiz e ganha algumas cicatrizes devido à falta de manejo com as facas. Passa suas roupas, as guarda e finalmente faz o que mais ama, escrever.

Vitrola: “Her Morning Elegance” – Oren Lavie

J. Compasso

terça-feira, 13 de outubro de 2009

30 a 2



É estranho, mas trinta de setembro que antes tinha um significado claro, agora é confuso em seus sentimentos. É estranho comemorar o nascimento com a ausência, e por se triste nesta data seria ir de encontro com os ensinamentos do seu grande mestre. Havia ensinado a serenidade da morte tão claramente que não ousara sentir tristeza, porém não pudera se sentir feliz como nos outros anos. Então como uma criança não soube distinguir o que sentia frente aos seus dois únicos referencias de sentimento, tristeza e felicidade. Pôs se reflexivo e logo surgiu a nostalgia e com ela as lágrimas de felicidade por ter vivido momentos tão maravilhosos e únicos com aquele que julga ser supremo mesmo com suas aparentes imperfeições. Dois dias depois completara um ano de sua ausência física, pouco tempo para tantos sentimentos ainda instáveis. Desta vez buscou colocar-se em conexão e agradeceu pela oportunidade de tê-lo como amigo, pai, mestre.

J.Compasso

Vitrola: “September Song” – Frank Sinatra
Foto: J. Compasso

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Trasviada


Fomos ontem e hoje continuamos a sermos os mesmos rostos, formas e anseios. Invejava o ideal utópico da juventude de sessenta e a rebeldia de setenta e oitenta. Viajando vejo que esses ideais sobrevivem ao tempo e espaço, inerente à juventude. Herdamos o mesmo sentimento impulsionador e até as mesmas experiências, mas nossas vivências se tornam fungíveis por sermos únicos. Podemos tudo, estamos prontos para nos atirarmos ao mundo, temos saúde, somos fortes, transamos muito, estamos em plena atividade. Esses atrativos são o que tornam essa fase tão especial, fazendo com que alguns poucos a desejem para sempre, e assim se aprisionam nas suas contradições. A juventude é liberdade. Tudo é passageiro, tornando-se um ciclo infinito. E sendo assim eterno. Ao se libertar eternizaremos a nossa juvendute.

J. Compasso

Foto: Revista Life - Woodstock
Vitrola: "Saudade" - Marcelo Camelo

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Laços


As coisas acontecem sempre com algum propósito. Assim, ele escutara por suas andanças, assim ele acreditava. Em seus primeiros passos em novos desafios, fitava o mundo como se do tamanho dele, fosse. Desafiava-o com um sorriso sincero e confiante. No entando, es que sente o que nunca havia sentido, ao menos nesta situação, o peso do mundo. Ao ocorrido seu instinto era apenas seguir em frente com olhar fixo para o horizonte, seguia com passadas grandes, o Ray-Ban pouco pode evitar as lágrimas que insistiam em cair. E nesse momento, teve a certeza que não pudera ser do tamanho do mundo, contudo maior.

Vitrola: "O samba chegou" - Bonsucesso Samba Club

J. Compasso

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Retrato


Ele esta novamente na estrada. Uma metáfora clichê caberia neste momento, “a estrada da vida”, não deixa de ser, como queira. Desta vez seu destino e o caminho que traça não é o esperado. Anseia a viajem que julga ser o marco de sua nova fase, como a transição da puberdade, ou velhice. O importante que será o divisor. Sonha com ela todos os dias e almeija como um adolescente que ensaia sentimentalidades ao ter contato, mesmo que breve, com o amor. O medo de todas suas certezas é percebido em fragmentos de negativismo. Afinal a única certeza que nos convém é a do fim. Bem, ao menos assim penso. Todas as outras podem se transformar em perigosas desilusões.

Vritola: "Now That I Know" - Devendra Banhart
Foto: Kk Compasso

J. Compasso

domingo, 13 de setembro de 2009

Wien


Em pub de um hostel, respiro, através de um inspirado violão e uma voz que traduz além do cantar. Temos a mesma ambição inquietante da juventude, as nossas buscas se fazem presente em nossas atitudes. Nosso sorriso? Representa uma vitória, um abraço, um sim. Não desejamos mal a ninguém, mas também sentimos muita raiva às vezes. Estamos construindo algo maior do que apenas crescer, casar, envelhecer e morrer. Porque independente da idade, nós somos jovens. Cantamos, choramos, comunicamos. Através de um olhar, um inglês mal falado, uma cerveja, uma palavra. Somos iguais mesmo estando diferentes. Nacionalidade, raça, cores e culturas, servem para agregar, a evolução se faz presente nos detalhes do agora. Amamos e queremos ser amados, queremos mais do que simplesmente ter, ou mesmo ser, queremos sentir em todas as variantes deformadas e violadas. Somos um todo, um resumo, mesmo que a palavra nos leve ao esdrúxulo estereótipo da definição, de emoções e anseios indecifráveis que nos faz sonhar.


J. Compasso

Vitrola - Somewhere Over The Rainbow,What A Wonderful World (ao vivo do pub)
Foto - Eu

domingo, 16 de agosto de 2009

O que somos?

Apenas um resumo de repetições de vivências e sentimentos vividos pelo ser humano a milhares de anos. Podemos tudo, inclusive o nada. E por ser esta fagulha de repetição do filme chamado vida, não deixe que nada talhe seus sonhos, porque nada, nem ninguém, é maior do que eles.



Uma semana de coração aberto a todos.
Paz, sorriso e amor transformam o mundo, lembrem disso.

J. Compasso

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Referêncial


Foto: Kk Compasso

"mas isso não é certo, eu não faria isso..."

Quantas vezes já não escutei isso, ou, "se fosse eu, faria assim...". É tão engraçado ouvir as pessoas falarem isso. Porque se colocam como um referêncial absoluto de coerência, onde tudo que foge de seu entendimento é errado. Então, estes seriam os próprios Deuses, intitulados em suas verdades?

Todo ser humano procura viver da forma que acha ser correta. Esse "achar" é o primeiro problema. O que achamos, é reflexo de nossa vida, cultura e experiências. E as três vertentes irão variar infalivelmente de pessoa para pessoa.

O respeito pode explicar muitas coisas, desde que estejamos abertos a entender o outro.

Muita paz e amor neste final de semana que se anuncia.

João Compasso, O Saudoso

Vitrola: Na Confraria das Sedutoras - 3 na Massa

sábado, 25 de julho de 2009

"Capi" tal isso?

O mundo capitaslista nos transformou em seres terrivelmente consumistas

Somos nós, eu e você, que constituímos esse mundo do consumo

Por mais que não sejamos responsáveis pela constituição dessa ideologia capitalista social

Hoje constituímos e a representamos, pois somos o capitalismo em sua essência

E por sermos em essência, damos vazão para o materialismo exaserbado

Assim, ele sempre levará vantagem em relação aos nossos sonhos

O dinheiro destroi qualquer romantismo

J. Compasso

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Essss collllllll hhhhhhhas

A vida nos faz tomar decisões todos os dias, todas as horas. E isto a faz em certo modo dura. Porque existiram decisões que uma vez tomadas, não teremos chance de recorrer. Mas em contra partida, a vida torna-se leve, porque essas mesmas decisões se repetiram em um outro tempo e espaço, e aí, teremos a chance de fazer diferente.

As palavras são apenas letras que cuspimos, nunca serão tão eficientes quanto os atos. Como você pode se definir? Através de uma série de substantivos e adjetivos? Certamente não, mas por meio do seu comportamento. Por isso, não seja refém das palavras, nem as procure para justificar o injustificável, seja coerente consigo.

Para os que acreditam em uma divindade (ou não), é dito: se pedes tolerância, surgirá para te uma pessoa que erra muito; se pedes para ser solidário, a ti se apresentaram pedintes; se suplicas serenidade, seras posto em um ambiente de extrema tensão. O que procuro dizer é que todos os dias nos são dadas oportunidades de sermos melhores e só poderemos crescer, depois que exgergarmos nossas limitações, admitir nossos erros e aproveitarmos os "presentes-circunstâncias" a nossa volta.

Paz e Amor a Todos

J. Compasso

Na vitrola: Amor para recomeçar - Frejat

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cegueira

A simplicidade de viver nos amedronta
e em tudo existe um pesar, um lamentar
e as nossas escolhas começam a ser guiadas pelo medo
é como descer uma ladeira de olhos fechados em toda velocidade

perdemos de apreciar no caminho a menina que passa
perdemos de sentir o perfume das flores que cercam a rua
satisfazemos- nos com o som da emoção e esquecemos que o som da vida é a compilação de todos os sons
contentamos-nos apenas em sentir a beleza do vento na cara e esquecemos todas as outras sensações

Estamos cegos! e assim vagamos esquecidos de quem somos
E ao esquecer o que somos, esquecemos também dos nossos sonhos
E quanto acordarmos poderá ser tarde
Poderá não ter ninguém para "te" esperar

Minhas dúvidas me fazem andar,
Sigo a certeza do meu coração

J. Compasso

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Lenda Pessoal

Os sonhos são muito nítidos quando somos jovens. Acreditamos que somos capazes de tudo. No entanto, com o passar do tempo essa voz que nos diz que somos capazes, começa a sussurrar até esquecermos-nos do que nos propúnhamos em sonhos. Criamos medos, que antes não existiam; nossa capacidade se torna mais racional e limitada; e nos tornamos ateu para linguagem universal, que quando criança nos guiava. Todos nós temos uma missão, um designo, que é muito claro, em nossa maturação. Mas como árvores incrustamos em grossos troncos, procurando neles, a segurança de não sermos derrubados. E esquecemos como é maravilhoso termos a flexibilidade de galhos novos.

Os dias são como sentenças, em que decido, em cada uma delas, o significado de minha vida.

E muitos esquecem a que se propunham com amor. E nunca viverão seus sonhos mais verdadeiros. As dificuldades existem para serem vividas e através dessas vivências, crescermos.

J. Compasso

Na vitrola: Lula Cortês e Zé Ramalho - Paébiru (1975)
Na película: O Inferno De S. Judas (2003) – Dir. Aisling Walsh
Leitura: O Alquimista – Paulo Coelho

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Inércia do ser

Os pensamentos andam soltos. O corpo pesado. A demasia do vazio acalenta a alma, ela estar moribunda. Em um campo desconhecido, a inércia é seu estado, não estar em canto algum. Precisa lutar, precisa viver. Seus anseios não têm a mesma nitidez de antes. Tudo a sua frente estar difuso. Certezas já são coerentes, remédios já não fazem efeitos. Prende-se na única coisa que acredita, no que supostamente o mantém vivo, no amor. E com ele espera recolorir.

Na película: Sete Vidas (2008) – Dir. Gabriele Muccino
Na vitrola: Garanteed – Eddie Vedder
http://letras.terra.com.br/vedder-eddie/1161604/

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Interminências


Noite de poucas estrelas. Ele se encontra no seu âmago romance. No quarto apenas uma luz baixa, amarelada, difusa. Ao som de um blues e entorpecido pelo misto de cansaço e uma boa dose de uísque, escreve. Ao escrever escuta o estalar do gelo no copo, acompanhado de uma discreta essência de maçã-verde, incenso que acendeu há pouco. Na verdade, a noite se faz embaçada por fumaças nebulosas de uma noite de São João. Ávido pelas vivências planejadas (algumas por anos), vive poucas emoções em seu preâmbulo. Ter a certeza que o preâmbulo já é o livro propriamente dito não o faz mudar. A intensidade com que vive é a mesma, não admite o ato de boicotar-se.

Assim, cria e recria sua realidade e suas vertentes em conformidade aos pensamentos persistentes. Brinca com o jogo que é a vida, desafia o comum, o natural, apenas com o peito aberto e seu sorriso. Em suma, sua transformação é constante porque caminha na via negativa de todo o sistema. Seu amor torna-se sublime porque não tem cor, tempo, desejo, preceito, paladar. É tão puro, que torna-se disforme do atual, a ponto de acreditar que é um sentimento ameaçado de extinção. É apenas amor, em sua simples magnitude.

As lembranças de sua vida e seus momentos surgem como flashes reveladores de quem ele é. Se sente mais forte. Sua essência parece estar sempre propícia a mudanças modistas. A evolução deve ser algo muito além de momentos e modas. Em suas lembranças, as suas andanças são as mais incidentes. São os momentos em que tem mais contato consigo. Por isso anda e vive como andarilho foste.

J.Compasso

Trilha: August day song – Bebel Gilberto
Samba e amor – Bebel Gilberto
Pélicula: Cidade Baixa (2005) – Dir. Sérgio Machado

terça-feira, 23 de junho de 2009

Todos somos um


Fazemos parte de um todo
Somos todos iguais, da mesma matéria, do mesmo bruto
Sentimos dor juntos, mas também amamos em conjunto

Olhando nos olhos, nos reconhecemos
Olhando profundamente nos olhos, nos sentimos
Somos iguais; irmãos e irmães

Amemos uns aos outros como nos amamos
Amemos aos outros como amamos aos nossos
Ame agora, se reconheça agora

O frio baterá, mas o corpo esquentará
Doenças afugentarão, mas a presença do outro curará
Somos todos um só, nós somos um.

J. Compasso

Vitrola: We are One – Ziggy Marley
Película: Hair (1979) – Dir. Milos Forman

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Ho’oponopono

Há muito tempo atrás recebi um e-mail cujo nome era Ho’oponopono. O estranhamento foi minha primeira sensação, logo seguida pela curiosidade. Comecei a ler meio despretensioso como quem lê mais um daqueles e-mails de conteúdo duvidoso que rodam o mundo em correntes virtuais. No caso desses e-mails, tenho tolerância de três linhas até apagá-los, no máximo de um parágrafo, caso esteja de bom humor. Se passo dessa minha “censura”, é sinal de que o conteúdo merece atenção.

Assim foi com este e-mail o qual é motivo hoje de minha reflexão. A história tem no papel principal um psicólogo havaiano. Seu nome, Dr. Ihaleakala Hew Len. Ele havia trabalhado no Hospital Estatal do Havaí durante quatro anos. No pavilhão onde estavam os loucos criminais de maior periculosidade. Neste ambiente hostil, era normal, os psicólogos pedirem demissão após um mês de trabalho. A maioria das pessoas do hospital adoecia ou se demitia. O medo reinava e as pessoas evitavam aquele lugar; seja para trabalhar, viver ou visitar.

Ao assumir o trabalho no hospital e a difícil tarefa que se apresentava, fez uma exigência estranha. Não teria contato com os presos, trabalharia em uma sala do hospital. Assim, passava todo o seu expediente lendo os portuários dos doentes e trabalhando sobre si mesmo. Dentro de poucos meses, os pacientes que estavam acorrentados receberam a permissão para caminharem livremente. Outros, que tinham que ficar fortemente medicados, começaram a ter sua medicação reduzida. E aqueles, que não tinham jamais qualquer possibilidade de serem liberados, receberam alta.

Fiz o mesmo questionamento que fazem agora, como “trabalhando sobre si mesmo?”. Ele simplesmente curava nele o que criara de doente no outro. Ele acredita que tudo que esta ao nosso redor, é de nossa responsabilidade, porque de alguma forma interferimos nesse mundo criado por nós (se você assume completa responsabilidade por sua vida, então tudo o que você olha, escuta, saboreia, toca ou experimenta de qualquer forma é a sua responsabilidade, porque está em sua vida). E sua cura partia por bem dizer de um mantra, “Ho’oponopono”, que significa, “Sinto muito, te amo”. Hoje, o hospital está fechado, devido não existirem mais doentes. O Dr. Len virou uma espécie de Xamã avô e vive solitário.

Achei muito interessante essa história, por acreditar na cura pela energia. E resolvi por em prática esse “ensinamento”. Infalivelmente, funcionou em todos os momentos. Quando me desentendo com alguém, procuro exercitar o Ho’oponopono e geralmente, recebo um pedido de desculpas, ou uma mensagem de paz.

Sinto muito. Te amo.

J. Compasso

“O problema não está neles, está em você, e, para mudá-lo, você é quem tem que mudar”

Fonte: http://www.luzdegaia.org/aajuda/ho.htm
Pélicula: Bottle Shock (2008) - Dir. Randall Miller
Vitrola: Jundiaria – Arnaldo Antunes

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Dia dos namorados


O título não poderia ser mais clichê, tendo em vista a data a qual foi publicado. No entanto,só mais clichê que o título é “ter um dia dos namorados”. Datas comemorativas são criadas pelo capitalismo, já dizem alguns estudiosos e veteranos comunistas.

Distanciando-me desta discursão filosófica e partindo para um lado empírico romântico, acredito que o dia de hoje é de fato uma instituição falida. O mundo está um carnaval de olinda onde todo mundo é solteiro, ou seja, uma putaria. Com a facilidade e oferta de amores fulgazes e transas descomprometidas, a lealdade e a fidelidade estar lamentavelmente em extinção. As pessoas se tornaram menos tolerantes, mais egoístas e ávidas pela emoção da paixão. E o amor, o verdadeiro amor, tem sido esquecido. Vivem-se ilusões e conveniências.

Namorar não é apenas sair para jantar e tomar um bom vinho, mas ao fazé-lo olhar nos olhos do outro e sentir a felicidade de poder compartilhar aquele momento único. Não é apenas ir ao cinema dia de domingo, mas estando lá, encontrar uma boa posição entre aquelas poltronas que não são feitas para casal e assistir o filme acariciando seu amor. Não é só alegria e compartilhar coisas boas, mas sim, apoiar nos momentos ruins, e juntos com críticas construtivas procurar uma evolução conjunta. Namorar é presença, mesmo que longe. É andar de mãos dadas, é companherismo, felicidade, sorrisos, maturidade, flores, cuidado, liberdade, tolerância, caixa de chocolate, e é acima de tudo somar e nunca completar.

Crie surpresas para o seu amor. Existem de todos os preços, desde jantar no lugar mais caro até um piquinique com toalha quadriculada em algum parque, ambos serão maravilhosos se existir amor ao fazé-lo. Faça um jantar a luz de velas em um dia qualquer (não é clichê); leve-a em um lugar só seu; tenham músicas para situações diferentes; viajem; mande flores sempre; elogie; namore no sentido mais restrito da palavra (ou seja, seduza!), principalmente se estiverem juntos há anos; se esforce para não cair na tentação, aparecerão muitas e mantenha o esforço para estar sempre fazendo todas essas coisas; e nunca, nunca deixe de cuidar de seu amor.

O dia dos namorados deve ser todos os dias. Como costumo falar, o amor é como uma planta, é preciso regá-lo todos os dias.

J. Compasso

Trilha: Cuide bem do seu Amor – Paralamas do Sucesso

sábado, 6 de junho de 2009

Noites de Quinta

Estou atrasado. Fazem alguns meses que falto com o meu compromisso semanal. Ao chegar, estranho. O local mudou, esta cerca de 20 metros a frente. Agora trabalhamos em uma praça. Chego e antes de descer do carro, já me sinto em casa, sinto-me bem. Neste intervalo de tempo e ausência, muita coisa aconteceu. A priori, me surpreendo com o tamanho das crianças, “Uau...como cresceram!”. Antes de concluir essa minha primeira frase, escuto, “Jãaaaaaaaao...vem mainha, falar com ele”, era o Cleiton.

O conheci a cerca de cinco anos, era um garoto desengonçado, com pernas longas e olhar tímido, hoje é quase um homem. Jogávamos bola na rua do imperador por alguns minutos e conversávamos bastante nas madrugadas de quinta-feira. Um garoto bom, que morava em um prédio no cais, aonde várias famílias e moribundos haviam invadido. Certo dia, dei uma carona para ele até lá, lugar assustador. Ele me contara (junto com sua mãe zelosa que fazia questão de mostrar-se revoltada) que havia sido preso. Estava na CASEM, lugar para menores infratores por estar portando uma arma, junto com outro menor de 13 anos. Com a desocupação do prédio, eles haviam se mudado para a favela de Joana Bezerra, onde segundo sua mãe, “se juntou com quem não devia”. Durante a hora que passei lá, me dediquei saber por que tomara esse caminho e como estava sendo sua vivência na CASEM. Ele que estava sob “custódia” da mãe, devido uma suspeita de conjuntivite, falou como havia chegado àquela situação. Seus olhos continuavam os mesmos de quando eu o conheci, só que agora sentia sua vergonha pelo o que tinha feito em relação a mim. Nos despedimos.

Logo, fomos ao segundo ponto. Dei “carona” a quantos couberam. Acredito que era a primeira vez que uma senhora de 70 anos (que carregava fardos bastante pesados) andava de carro, tal qual seu neto de 4 anos. Lá chegando, senti uma imensa felicidade de encontrar velhos amigos. As crianças: Deyse, Charlene, Indiana, Alex e companhia estavam maiores, mas parecia que estive sempre ali, me olhavam com muito carinho. As brincadeiras e os pedidos eram os mesmos. Procurei por alguns que não achei. Tinha uma criançada nova, mas com o mesmo amor. Rodrigo um garoto de 3 anos veio e abraçou minha perna, quando olhei para baixo, sorriu.

Fiquei feliz ao ver o “cabelo” que sairá da prisão e estava, cuidando de sua família e procurando emprego. Fiquei triste pelo “galego”, a ex-mulher dele (que tanto vez para tirar ele da prisão) disse que ele estava bebendo muito, envolvido com quem não prestava e ausente com suas lindas filhinhas. Disse que semana passada ele tinha ido me ver, mas não fui. Surpreendi-me com Chaiene que sofreu um assalto de ônibus levou um tiro na barriga, mas já estava bem. A “maga” voltou a cheira colar, abandonou seu bebê e estava definhando. Fiquei feliz por perguntarem pelos meus (pessoas que amo e que um dia levei para essa experiência). As minhas noites de quinta são assim, felizes e cheia de amor.

J. Compasso

Trilha: Bairro Novo/Casa Caiada - Eddie

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A corrida de anseios

Priiiiiiiiiiiiiií!!!

Mais uma vez é suado o apito. É dada a largada. Segurem os seus, rezem para os orixás e torçam para não serem pisoteados. Afinal o seu coração está em jogo!

O tempo ruge e todos correm nesta loteria que é a vida. Os anseios e desejos são muitos. São muitos, porém são desejados por todos. Todos parecem querer a mesma coisa. Em uma economia capitalista, os desejos são rótulos que são vendidos em enlatados, como os ideais. Outro dia, andava na rua quando vi uma loja vendendo a camisa do Guevara, ao lado da camisa da coca cola. Como se dissesse, “compre aqui sua rebeldia política ou esteja descolado”. Os ideais não se vedem em bancas de camisa ou revista, assim como os nossos desejos. Somos seres humanos diferentes e consequentemente gostamos diferente.

No entanto, acredito que exista uma coisa que todos os seres humanos desejem. Não importa sua nacionalidade, nem muito menos sua crença. Todos querem amar e serem amados. E mesmo isso, que todos desejam, é atropelado por essa “corrida milionária”.

Hoje presenciei dois casos:
O primeiro foi uma garota que tem namorado. Contava que tinha ganhado um ingresso vip de um show de forro (dessas bandas “calorosas”), mas que não pudera ir porque iria trabalhar. A parte que me chamou atenção, que me fez escrever sobre isso, foi quando ela disse
– Já havia até pensado em como dar o “balão” no meu namorado.
A segunda, foi cerca de oito horas depois. E outra garota me falava de como desejava encontrar uma pessoa que a amasse. Que desejava ter filhos, mas para isso precisava de uma pessoa verdadeira, que a amasse.

Em ambos os casos, não existem julgamentos sobre as pessoas. Não vos digo que a primeira é melhor que a segunda, ou vice e versa. O que me fez falar sobre isso, primeiro foi à naturalidade a qual a primeira declarou seu “plano”. E por demais, que o que desejamos pode estar ao nosso lado e devido a essa corrida maluca de anseios e desejos que nos fazem acreditar, esvaímos os nossos sentimentos mais verdadeiros. E quando tudo passar, não terá mais jeito. Corram atrás do que realmente desejam.

J. Compasso

sábado, 30 de maio de 2009

Quarto de dormir

Arnaldo Antunes / Marcelo Jeneci


Um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois
e não vai acender a luz do quarto quando o sol se for
bem abraçada no lençol da cama vai chorar por nós
pensando no escuro ter ouvido o som da minha voz
vai acariciar seu próprio corpo e na imaginação
fazer de conta que a sua agora é a minha mão
mas eu não vou saber de nada do que você vai sentir
sozinha no seu quarto de dormir

No cine-pensamento eu também tento reconstituir
as coisas que um dia você disse pra me seduzir
enquanto na janela espero a chuva que não quer cair
o vento traz o riso seu que sempre me fazia rir
e o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si
até toda memória dessa nossa estória se extinguir
e você nunca vai saber de nada do que eu senti
sozinho no meu quarto de dormir

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,

Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.


Victor Hugo

Não costumo postar textos que não são meus. Mas é inerente não se render aos conselhos deste Senhor, que viveu no século XIX, e já dispunha de tanta sabedoria, a qual até hoje não apreendemos.

"Façamos amor e não guerra..."

J. Compasso


Vitrola - Guerra-Peixe
Leitura - "A Soma dos Dias" (2007); Isabel Allende

domingo, 24 de maio de 2009

Noite estrelada


Há muito tempo que não me refugio em meu lugar favorito. A última vez que vim, trouxe uma pessoa muito importante, a primeira a conhecer este lugar que julgo ser tão meu. A primeira e certamente a última. Foi uma noite estrelada e especial, com direito a alguns vários cálices de vinho, velas, trilha sonora e toalha quadriculada.

Hoje volto ao lugar aonde tudo sou; criança, mágico e até o velho do saco. Realizo-me entre as telhas. Deito e apenas abro os olhos, estou diante do universo, estou mais perto das estrelas, estou voando. O céu estar mais próximo. Sinto o pesar da lua e o orvalho deita em meu rosto. Este lugar, o meu lugar, me dar a incrível sensação de leveza do meu ser. É o meu momento com o divã, de descobertas e reflexão. Inquisidor, ouvinte e questionador. Diante de mim o mundo tal como ele é, tal como eu quero que ele seja.

O meu telhado e as estrelas que caem sobre ele, me transformam.

J. Compasso

Película - "Traídos pelo Destino" (2008)
*Destaque pela beleza da atriz (Jennifer Connelly) e da sua personagem, uma mulher linda e sensível em todos os sentidos.

Tela - A Noite Estrelada (1889) - Vicent Van Gogh

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nudança


Ultimamente tenho me assustado com a busca incessante que as pessoas empregam em suas mudanças. Vejo um desespero nesta busca que desencadeia um profundo desrespeito ao seu ser primitivo.

A busca geralmente começa pelo universo exterior. A primeira coisa que as mulheres fazem é cortar ou pintar o cabelo, para sentirem que realmente mudaram. Os homens se afundam em saídas diárias e desesperadas, fazem milhares de melhores amigos em um único dia, saem loucos atrás de mulheres, bebidas e cigarros, as mulheres infelizmente também seguem essa linha. É algo inerente ao sexo, é a mesma busca.

Penso no que leva a pessoa a transformar totalmente seus hábitos. Será que eram tão infelizes, que no primeiro momento que puderam se libertaram dos seus antigos costumes? Será que toda essa necessidade súbita nunca existiu em anos de vida, para desflorarem do nada? E o que sempre existiu, aonde esta agora? Entristece-me tudo isso.

Acredito que a mudança é algo que deve partir de dentro para fora e nunca o seu contrário. Deve ser serena e respeitar seu eu verdadeiro, sem atropelos. Existimos antes de tudo. E a essa existência, que foi construída durante todos os anos da nossa vida é que deve ser respeitada. Só assim mudaremos verdadeiramente.

Para mim a mudança deve ter a mesma leveza que dançar nu.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Na Sala do Dentista




Não tenho medo de dentista. Medo no meu entender é nada menos do que estar frente ao desconhecido. E não é esse o meu caso, eu conhecia muito bem eles, na verdade, tenho um “certo trauma” devido minha história dentária. Usei cerca de 8 anos aparelho, tive um dentista militar sanguinário que iria com freqüência quando criança e adolescente. Até que cansei, arranquei o aparelho, mudei de dentista que escolhi a dedo, e nunca mais tinha ido a um, a não ser no meu amigo bigode para um excelente clareamento (recomendo para quem desejar, me peçam o contato).

Para enfatizar esse meu trauma, resguardei esse parágrafo para vocês não terem a falsa impressão de que se tratava de falta de coragem. Eu sempre fui um menino muito treloso, já levei vários pontos, (um deles costuraram quase no cru, porque não tinham anestesia certa), fratura exposta da cartilagem, operações, ou seja, fui muito levado e sempre gostei dessa emoção, não tenho o menor receio com bisturi ou agulha (fiz um tratamento de 6 meses que tomava medicação injetável toda semana). Mas o “Zzzziiiiiiihhh...” do motor do dentista me dá arrepios.

Pois bem, eis que o meu terceiro molar nascerá quase que deitado e seria inevitável não tira-lo. Retardei o quanto pude, até que enchi o peito de coragem, conversei com um colega que era um dos melhores neste procedimento (confiança é tudo) e fui hoje a tarde retirar este dente que não sei por que existe. Cheguei tranqüilo, estava confiante, mas só foi deitar na cadeira que a suadeira começou. O ar estava ligado em sua potencia máxima, mas o nervosismo me fazia transpirar muito.

O plano dele, era quebrar meu dente em dois com a broca e depois retira-lo, na teoria parecia fácil. A anestesia foi tranqüila apesar de sentir uns “choques”. Por culpa da minha querida mãe que sempre nos obrigou a tomar muito leite, “faz bem para os ossos e dentes”, o meu dente parecia uma pedra de tão duro. Isso fez com que ele quebrasse em três pedaços. Até na hora de costurar,deve dificuldade pela rigidez da minha gengiva; “eita! Que até a tua gengiva é dura, bicho”, como não sentia mais nada, tudo bem! Tentei manter o meu equilíbrio sempre, mesmo sentido um pouco de dor.

No fim, estava mais suado do que quando jogo futebol. Foi uma hora de agonia. O dentista foi fabuloso, ele é muito bom, sei que toda a complicação estava dentro de minha cabeça. No fim, pedi para levar os 3 pedaços enormes de dente, ao chegar em casa, nostalgicamente repeti o ritual que fazia ao arrancar meus dentes de leite. Acompanhado do chavão; “São longuinho, são longão, leve esse dente podre e traga outro são” (na verdade depois informei a são longuinho que não tinha necessidade de trazer outro, que ele não me leve a mal), fiz três pedidos. Comprei muito sorvete, separei uma sessão de filmes e me dedicarei ao colchão. E esperar 7 dias para novo sofrimento, quando retirarei o outro.

Homenagem aos meus melhores amigos dentistas: Rodrigo Sales (vulgo Bigode) e Vinícius Vasconcelos (vulgo mago ou vininha).

J. Compasso

Trilha - Novos Baianos Futebol Club

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Dificuldade de ser


“Sou um espírito livre, um sonhador, me alimento de vida... busco no mar a eternidade e no sol a evolução”

Em um marasmo de pensamentos, aonde existem muitas idéias, mas poucas linhas, encontrei esta frase. Escrevi-a há muitos anos, o que ao lê-la desencadeou;


Vai!
Mais não se esquece de calibrar o coração com muito amor
Aonde fores, estarás seguro se estás munido de amor

Não se distancie dos seus sonhos, eles são sua maior referência de quem você realmente é
Para isso, reflita sempre o que sonhavas quando era criança... Como se via quando adulto? Em uma grande casa com jardim e cachorro? Como seria a sua família? Estas construindo isto?
O estado criança é o mais puro, e podemos está-lo a todo momento

Liberte-se de amarras
Viva de acordo com o que você é
Não se aprisione atrás de mentiras que crias para não enfrentar a realidade do que és

Alimente-se da natureza e dos presentes que ela te oferta
Feche os olhos e sinta o poder da vida em frente ao mar, no bosque, ou no seu banheiro
É a forma mais fácil de sentir o amor



Ao acabar de escrever, constato que é obvio que meu pensamento pouco influenciou nesta meia boca dúzia de palavras. Influência sim, clara e patética de um pensamento do Robert Nesta Marley:
"Supere os demônios com uma coisa chamada amor."

Salve Rastafari, Salve Bob
Paz e amor

Película - O menino de pijama listrado (2008)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quarto de Hotel


Ele tem dificuldades para dormir na sua primeira noite. Certo de que essa dificuldade não provem de um possível estranhamento do local e sim, pela angústia perseguidora que policia todos os seus atos. Vira de um lado a outro em uma cama box enorme, procura um caimento, uma posição, abraça o segundo travesseiro, experimenta ele entre as pernas, movimento. São quase três horas da manhã, e nem mesmo aquela proposital cerveja gelada tomada antes de dormir, o faz. O cansaço é inversamente proporcional com seu sono.

Depois de se acostumar com a escuridão a ponto de poder enxergar, sem saber ao certo como aconteceu, acorda com o despertador do celular. Hora de trabalhar. Neste momento existe um misto entre o cansaço, que continua enorme e o sono, que o fez valer. Um banho revigorante o faz bem. Ao tomar um bom café, sente-se muito bem e pronto para fazer o que mais ama, o seu trabalho. Por muitos momentos e intercessões, parecia que havia dado um Stand by na sua companheira angústia. Teria finalmente aliviado suas tensões?

Ao final do dia, se sentia realizado pelo seu trabalho e pelos positivos comentários. Não era uma felicidade eufórica, mas sim serena. Não estava completo, no fundo sabia e tentará se enganar.

Trilha – Arnaldo Antunes – Ao vivo no Estúdio
Foto – João Compasso

terça-feira, 12 de maio de 2009

Continuação


Quarto de hotel, 11 de maio de 2009, 16h40min de um dia estranho. Meus dias têm seguido essa característica modorrenta. Acabo de chegar a mais uma cidade, desta vez, Natal. Devido não ter conseguido dormir, tive uma viajem sonolenta e cansativa. Além do cansaço físico, encontro-me esgotado de um vazio que não me deixa dormir.
O hotel é maravilhoso, com uma varanda espetacular de vista para um lindo mar azul. Tenho aqui todo conforto que preciso. O gerente tem um bigode estranho, mas é simpático;
- Dr. Picasso, é o quarto 04.
- É “Compasso” Sr. Bigode, apesar de ter um Picasso também!
O camareiro bastante simpático, distribuindo sorrisos amarelados. Os novos hóspedes que chegaram é uma típica família paulista, me olharam bastante desconfiados. Talvez seja pelo meu traje “diferente” combinado com meus óculos Ray-Ban retro. Caminho lentamente para o meu quarto no primeiro andar. Gosto a primeira vista, e me dedico há alguns segundos a varanda. Sinto o vento, o mar, a maresia. Novamente, surgi à vontade de fumar e ver a musicalidade da fumaça saindo e entrando, purificando...

Continuo à eternidade do amor...e acredito nele

J. Compasso

* Foto feita por mim, da Janela do meu quarto - Ponta Negra, Natal-RN

domingo, 10 de maio de 2009

Acredito no Amor [2]

Meia noite e trinta minutos de um Domingo estranho e modorrento
Fujo dos meus pensamentos atrozes que me fazem chorar
Preciso sair de casa, preciso ver o mar
Se eu tivesse cachorro, eu daria uma volta com ele, talvez afugentasse algumas mágoas

Mágoas que racionalmente não deveriam se expressar
Mas não é fácil convencer meu coração
Preciso fugir
Correr nu pela rua silenciosa

Preciso ser notado em meu anonimato
Penso no álcool como uma solução mais imediatista
Mas minha pouca crença acha que não me fará bem

Queria fumar, e ver a sensível dança que a fumaça faz ao entrar e sair do meu corpo
Será que ela me purificaria? Será que ela carregaria de mim essa angústia?
Por Deus, preciso sair

E o farei agora, sem demora
Caminharei a exaustão, ou apenas por alguns minutos
Viver também é sofre

“tristeza não tem fim, felicidade sim”

J. Compasso

Acredito no Amor


Não sei bem o que sinto
é uma mistura de vazio e nostalgia, angústia
Hoje, a noite, comecei a sentir um frio na barriga desconfiado
Meu peito apertava e minhas maos suavam

Fechei meus olhos e senti as pessoas que amo
Algumas senti mais distantes do que o habitual
Nada seria como antes, sentir

A vida é tão leve que não deveria caber esse pesar
Somos egoístas e desejamos demais, anulando desejos alheios
Definitivamente, demorará a sarar, talvez um ano, talvez alguns

Não sou funcional
Meu coração não abre toda vez que estou só
preciso de um tempo, de uma revitalização
Me respeito

"a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros"

ACREDITO NO AMOR, ACREDITEM TAMBÉM

J. Compasso

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A única certeza


A morte é um ato que me faz pensar. Não posso omitir o fato, de que quando esta acontece depois de: nascermos, crescermos, procriarmos (boa essa fase), e envelhecermos, e quando não é provocada por alguém, ou por uma doença que seja bastante penosa e que se arrasta por anos, é vista por mim como mais uma etapa de um ciclo. Já provou isto Saramago em sua belíssima obra, “As intermitências da morte”. Procuro encará-la como algo natural, e na maior parte das vezes consigo vê-la assim.

Porém é fato que nós seres humanos e principalmente, nós os latinos, temos sentimentos que não nos conforta esse racionalismo quase cético. Nossas lembranças e o sentimento que nutrimos por quem parte é algo que nos embala, no mínimo, em um ritmo nostálgico. Por mais que não tenhamos contato direto com o falecido, algo nos toca se sabíamos quem era, e principalmente se admirávamos quem partiu.

Augusto Boal foi um precursor do teatro brasileiro e mundial. Criou o chamado teatro do oprimido e teatro invisível, além de ser responsável por um grande acervo literário, entre artigos e livros. Diretor, dramaturgo, ensaísta, humano. Com seu teatro viajou o mundo e em áreas mais pobres, como a áfrica, transformou realidades. Possuindo o teatro como ferramenta de emancipação política, atuou no sistema prisional, educação e em outros tantos de responsabilidade social. Usou o teatro sempre como um utensílio de transformação social.

Felizmente tive a oportunidade de assistir uma palestra com ele e trocar algumas idéias. Endossando a minha primeira frase, “A morte é um ato que me faz pensar”. Penso e reflito a grandiosidade deste homem e sua contribuição no meio teatral e principalmente na sociedade.

+ 02/05/2009

J. Compasso

Trilha – My Way (Frank Sinatra)
Leitura – As intermitências da morte (José Saramago)
Película – Amor além da vida (1998); Dir. Vincent Ward

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Insetos no Pára-brisa



Mas uma vez ele partira em suas viagens. Viagens estas que o fazia sempre que possível, dentro do seu quarto ou fora dele. Porém desta vez, dirigia. Dirigia em pleno dia. O sol o acompanhava como quem abria com sorrisos o seu caminho. O som que o seguia além do terno e agressivo vento entrando pela janela era um clássico do Frank Sinatra, “My Way”. Mais a frente à vista algo estranho e belo. Observa a muitos quilômetros de distância uma nuvem e seus menores transcendidos em gotas de água. Fazem-se presente por uma faixa, aonde respeitam cuidadosamente o seu limite e derramam-se na pista por alguns minutos enquanto a atravessam e adentram ao milharal. Aquela cena o marca profundamente, compreende que aquele rito de passagem era necessário e único. Se sente por alguns minutos, privilegiado por testemunhar aquele feito. Finalmente, não demora muitos minutos, alcança aquela nuvem que já segue pelo milharal deixando parte de si.

Naquele momento, observa algumas nuvens sendo perfuradas por raios de sol tão nítidos que criara formas geométricas e psicodélicas. Detém-se maravilhado. Nasce um lindo arco-íris em cima de sua cabeça. Inegável, devido seu espírito infantil, não imaginar que perto daquele local existira um baú repleto de ouro. Porém, não tinha vontade de chegar ao baú, nunca a tivera na verdade, se sentia rico por ter um arco-íris sobre seus pensamentos. Ainda em êxtase e dirigindo sobre o asfalto molhado observou que incidentemente insetos e mais insetos eram estourados no seu pára-brisa. Era sabido que próximo ao arco-íris a população de borboletas se intensificava. Chegou a perder alguns segundos questionando o porquê deste “fenômeno”; o arco-íris o fizera doce? Continuou a dirigindo e acabando com vôos de todas as cores em seu pára-brisa.

Ele não pode deixar de pensar que por vezes se sentira como esses insetos na sua luta de sobrevivência diária. Acreditavam que por estar voando sobre doces e inocentes arco-íris esse momento se fazia eterno. Não importaria a força ou a velocidade que fizera em seu vôo. Por mais que lutasse com suas asas aparentemente frágeis e amareladas, em um movimento incessante de vôo, o pára-brisa sempre o alcançaria com um beijo fatal. Splaf!

J. Compasso

Tela - Impression du Soleil Levant (1873) - Claude Monet
Película - Eden à l'Ouest (2009) Dir. Costa-Gravas

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ventos verdes, ventos fortes, ventos saudosos



Hoje ele acordou e respirou o ar mais puro, o ar da vida, o ar verde. Aquele combustível entrava em seu corpo e o saudava com vida. Seus olhos se perdiam no horizonte alado. São terrenos irregulares, na sua maioria verde, em diversos tons. Casebres ao longe se misturam com casarões. A vida aqui é simples e saudável. Dorme-se cedo, acorda-se ao som dos animais, eles ditam o ritmo. Após se levantar, molhou seu corpo num delicioso banho. Não, não eram águas de uma cachoeira, nem mesmo de um límpido lago, tomara banho em um chuveiro, porém, ao som dos ditos animais. Em sua companhia, a melhor e a que desejara para aquele momento bucólico e especial. Como a muito não faziam, se banharam e se cuidaram. Era um momento que já vivera muitas vezes, portanto até rotineiro, porém por ter-se passado alguns meses longe, existia algo diferente. Soube em momentos como este que já não era a mesma coisa. Não que o achasse ruim, mas diferente. A estranheza desta situação o fez refletir.

Depois de um café da manhã maravilhoso com pessoas que o fazem feliz, caminhou com sua registradora digital até a varanda. Pouco tempo depois eles caminhavam explorando as minúcias da mata. Muitos momentos registrados, muitas vidas invadidas pelo seu olhar digital, momentos dentre milhares que foram escolhidos para se tornarem únicos na sua lente. Assim o fez, comeram frutas, analisaram tipos de folhas e frutos, tentaram interagir com todos os tipos de animais, desde os minúsculos insetos até perus e cães. As cores impressionavam eles, pareciam que nunca tinham estado ali antes, era um mundo inventado, criado, real.

A leveza infantil também se fazia presente com lindos cachinhos de mel a balançar nos ventos verdes. A chuva que é tão bela como o sol, dividiu o dia com este, lhe cabendo a tardezinha. Suas gotas o molhavam. Caiam desordenadamente no seu corpo e aos poucos o preenchiam. Ele curtira esse momento cinzento, ele vivera cada cor. A água da chuva tinha um cheiro peculiar, ela conseguia reunir o odor da terra molhada, do mato e do seu corpo. Estava completo, ele era esse misto, a natureza o era.

J. Compasso

Trilha - Cafe del Mar

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Renovação


Acordo hoje e sinto que o dia é de transformação. É hora de se levantar, bater a poeira que a muito dorme, trocar retratos que não o fazem mais, em fim hora de renovar. Todo o processo sempre é bem árduo, pois nas escolhas que fazemos ao renovar, muita coisa fica para trás. Algumas cabem em uma caixinha feita de guardanapos de rosas, outras não, mas o maior baú é o nosso coração. Ali, certamente ficará guardado as nostalgias de um verão, de dias bons e ruins, de pessoas importantes que passaram em nossa vida.

Já era tempo desta renovação, precisava-a com certa urgência. No entanto, vos digo que a renovação não cabe apenas ao círculo material, ela vai além. E é preciso estar bem, ou melhor, respeitar o tempo de cada pessoa, este é único e peculiar.

Sinto-me mais harmônico. É certo que meu quarto está aparentemente mais vazio, os porta-retratos não parecem ter utilidade, algumas cores já não se fazem mais presente. Alguns poucos podem ter a sensação de perda, mas os digo que confundem com ausência. Não existe perda quando o sentimento continua em mim, mesmo que latente, existe ausência de elementos. Esses elementos mesmo que ausentes existem, na perda eles não existem mais. A renovação só é possível quando existe porta-retratos vazios.

J. Compasso

Trilha - Enya

terça-feira, 14 de abril de 2009

Descobertas


Descobrir que as pessoas sempre passam
por mais que se mantenham em nossa memória

Que experiências de vida sempre te acrescentaram de alguma forma
E você será maior por te-las

Que não importa o quanto é bom, ou esta sendo bom, aquilo ficará unicamente em um espaço do tempo e na sua memória

Que enfrentar limites e medos também te deixa maior, porém a maioria não o faz
Que essa mesma maioria liga o chamado “piloto automático” e vive (sobrevivi?)

Que todos os dias tomamos não uma, mas centenas de decisões: tomar banho? quente, frio, ou morno; escovar os dentes? antes ou depois; ir ao trabalho? carro, andando, a pé, metro

E que diante dessas decisões que achamos que não podemos escolher, por estarem condicionadas, renegamos as outras opções

Que estar só, não é estar triste
Que estar reflexivo, não é estar deprimido

Experimentem! Só quem pode falar com respaldo, é quem se permiti a viver

Você esta exatamente aonde gostaria de esta agora? Quem é você?


J. Compasso, um eterno sonhador

Película: Marley e Eu
Trilha: Curva Verde - Rivotrill

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Em busca...


Era uma vez um garoto...

Parece conto de fadas? E poderia ser, mas é realidade. Esse garoto acreditava em contos, em sonhos e fadas. Acreditava ser várias pessoas, tinha amigos imaginários e em seus sonhos, o seu predileto e mais rescindente era o que ele voava. Voava livre, preferencialmente à noite, pleno e sem medo. Ele acreditava. Acreditava tão fielmente, que pudera tudo. Sempre desafiou o mundo e vivera com a constante certeza de que nada era grandioso demais.

O tempo passa e sucumbi não só a inocência, mas o sonho puro. Estes são substituídos por coisas muito mais palpáveis, maduras, ou seja, "adultas". Então esse garoto, que por seus novos anseios, não mais pudera ser considerado um garoto, deseja carros, dinheiro, empregos "importantes". Ele não sonhara mais com seus vôos noturnos, ele quase não sonhara a noite, não pudera mais voar.

Em um pequeno surto emocional, revive a nostálgica saudade de voar. É revelado, então, o assustador e encantado mundo que este abandonou. Envolvido por aquele surto nostálgico, avança neste mundo, com os olhos cheios de água-sonho, tentando de alguma forma resgatar aquele sentimento tão genuíno. Ao se deparar com seu fracasso, derramara incansavelmente lágrimas de sonhos impossíveis e se questionara incessantemente...

- Eu não posso mais voar. Eu não consigo mais voar. Porquê?

No silêncio de seus pensamentos conformados, entre seus soluços já cansados, surgi uma luz, uma fada (como quisera chamar) que diz,

- Basta acreditar!

J. Compasso

Pelicula - Em busca da Terra do Nunca (2004)
Trilha - Tomara (Vinícius de Moraes e Marilia Medalha)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Gota d'agua



Assim será até quando não existir mais nada

e juntos caminharemos esgotados e cansados

respirações ofegantes serão uma prova de que ainda estamos vivos

os pés calejados arrastaram e nos guiaram

e quando finalmente chegarmos, olharemos ao nosso redor

veremos uma vegetação inexistente e um clima amarelo-cinza

animais? Poucos além de nós, estamos atrofiados e secos

desejando apenas uma gota d’agua
PRESERVAR É VIVER

J.Compasso

Trilha - Preciso me encontrar (Marisa Monte)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ciclos se renovam..


Hoje é um dia como outro qualquer. O sol nascerá e depois de (cerca) 12 horas irá se por. E esse ciclo se renovará sempre. É algo contínuo, vivo. E assim segue a lei da natureza, pessoas nascem e morrem todos os dias. Vegetais, animais e todos os seres vivos repetem esta “ordem natural”. Até mesmo a ordem mineral, as rochas se desgastam com o tempo e com o tempo, vulcões, ou minérios em altas temperaturas se constituem. Ou seja, tudo esta em constante movimento, renovação e transformação.

Seria péssimo para nós, seres humanos pensantes (algumas pessoas se esquecem desse último atributo), passar o resto de nossas vidas nesta eterna “rotina”. Então, ritualizo, crio e acredito, em algumas datas como pontos de renovação. E hoje é uma dessas datas. Acordei cedo, bem cedo e vi o sol nascer. Esse simples ato me fez pensar que o sol o faz assim por milhares de anos. E o que o faz ser especial naquele dia? O meu olhar. Um pouco mais tarde, fui à praia e o mar estava lindo. Refleti um pouco sobre o ano que passou e agradeci pelas coisas boas que a mim vieram. Agradeci pelos ensinamentos que tive com as coisas, digamos “não desejadas”. Tomei um banho de mar e pedir para que aquelas ondas levassem todas as impurezas daquele ano que passou. E que as mesmas ondas trouxessem todos os sonhos.
Caminhei um pouco, sentir o sol, o vento, o som do mar e voltei para casa. No caminho um som sagaz. Chego em casa, tomo um excelente banho, acendo um incenso, ponho um som tranqüilizante e leio um bom livro. Falo com pessoas que amo. E concluo minha manhã almoçando com outras delas, minha família.

Essa é minha verdadeira renovação. A valorização do que faz me sentir bem, do simples, do amor. Sinto-me mais vivo ao me sentir parte da natureza. Somos parte de um todo, “todos somos um”, como dizia a música.

Evoé!
J. Compasso

Trilha: Todos somos um - Chimarruts

segunda-feira, 30 de março de 2009

Quero uma Mochila


Preciso ir, preciso pensar, preciso andar...

Quando me questionaram para onde eu iria na semana santa, senti estranhamente um sentimento paradoxal. Quase que ao mesmo tempo tive vontade de não ir a canto nenhum, mas tive também a simples vontade de ir.

Acho que no final das contas pode ser o mesmo sentimento só que camuflado. Não tenho vontade de ir a nenhum canto que me conduzam, quero ir, porém apenas ir. Pegar o carro e simplesmente ir. E se sentir fome, parar em algum restaurante beira de estrada, os famosos rodízios R$ 7,99, e comer. E se sentir sono, parar em algum lugar e durmir. Se tiver vontade de parar em um alto e ver o por-do-sol, faze-lo. Se a cidade em que eu passar me chamar, ficar o tempo necessário.

Preciso explorar esse sentimento que só cresce dentro de mim. Vive-lo enquanto se faz presente. Sou um espírito livre, sempre o fui. Não posso negar minha natureza, essa é minha sina.


J. Compasso

Trilha: "Quando eu te vejo passar" - Nelson Sargento
Película: "Linha de Passe" - 2008 (Dir. Walter Salles)

domingo, 29 de março de 2009

Es.cre.ver


Fazem alguns dias que não escrevo, creio, vejo.
Um turbilhão de acontecimentos levaram de certo modo a isto. Escrever, crer, ver me faz sentir mais vivo, mas o faço quando o necessito.


Bem como dizia a fantástica Lispector;

"... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."

[é "mara", peguei emprestado] Sigo sua linha de raciocínio e gostaria muito de ter a sua sensibilidade para a escrita. Como disse, muitas coisas aconteceram e me coloco mais reflexivo sobre algumas verdades.

Muita luz e amor a todos.

J. Compasso

Trilhas - "Like a Star" e "Enchantment" (Corinne Bailey)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Na minha natureza Selvagem


Quinta-feira, 19 de março de 2009.
16:21h


O que você quer da vida? Para que estamos aqui na terra? Vocês podem achar que ando um pouco reflexivo, pelo texto de ontem e por essas minhas perguntas, mas os questionamentos sempre estiveram em mim, apenas estou mais latente. O que vejo hoje é que as pessoas nascem como se tivessem sido programadas. E este programação é em busca de um conforto, uma segurança para viver. Então, nascemos e nossos pais se matam de trabalhar para nos colocar no melhor colégio. Durante todo esse tempo a nos é cobrado às melhores notas a fim de que possamos estudar nas melhores universidades. Durante a faculdade a cobrança dos pais já não é tão incidente, porque eles acreditam que já “fizeram sua parte”. Depois disso, já temos a consciência incutida por nossos pais, reflexo da sociedade. Então, fazemos a universidade pensando em acabar, arrumar um dos melhores empregos para podermos ganhar muito dinheiro e principalmente gastar muito dinheiro. E depois, é a hora casar e ter filhos e trabalhar bastante para que eles possam seguir esse ciclo. E a nossa vida se resume a este ciclo de existência. Será que somos só isso? Será que o que podemos dar de melhor aos nossos filhos são colégios excelentes e ausência? Será que essa febre consumista traz realmente a felicidade?
Antes que concebam qualquer tipo de julgamento, vos digo que acredito sim que a formação escolar é essencial para o ser humano social. Assim, como acredito ser fundamental a formação humana, social, crítica de qualquer ser vivo. É mister se conhecer, constituir o auto-conhecimento. E seria impossível atingi-lo sem entrar em contato com a natureza, sem entrar em contato com o outro. É para isso é preciso desfazer de amarras competitivas. É preciso se permitir a observar um por do sol, a fechar os olhos e sentir prazer ao sentir o vento em seu rosto, a um banho de mar, ou rio.
Porém, para nos conhecermos de verdade é preciso mais. É preciso nos tornarmos mais vulneráveis. Viaje só, e veja como você fica mais perceptível ao outro e as coisas que giram em seu redor. Lembro-me quanto fiz meu primeiro “mochilão”, as pessoas me achavam um louco, porque eu não sabia meu destino, viajava só e sem celular. E respondia que não era loucura, porque a qualquer momento eu poderia ir ao aeroporto mais próximo e voltar para casa (afinal estava munido de cartão de crédito), ou ligaria para os meus pais. A viajem me acrescentou muito, me senti mais vulnerável, mas hoje vejo que era uma vulnerabilidade falsa, porque eu tinha dinheiro e cartões de créditos.
Não estou defendendo o extremismo, que devemos sair pela rua, nus. Acredito que naquela época, aquele foi o meu limite. E ao chegarmos ao nosso limite, ao vencermos o medo, nos tornamos maiores e conseqüentemente nos conheceremos melhores. Conheceremos ao outro melhor e a partir daí poderemos tudo. É preciso viver. E viver, é por se em risco. Só conheceremos mais de nós mesmos, se caminharmos por regiões nunca habitadas. Só nos conheceremos, se desafiarmos nossos limites.
Sugiro que desvende-se e renasça.

J. Compasso

Trilha: Eddie Vedder - Hard Sun
Sugestão de Filme: Na natureza selvagem (Into the wild - 2007)

domingo, 22 de março de 2009

Pessoas a sua vidas


Quarta-feira, 18 de março de 2009.
22:44h


Estou em meu quarto e reflito. Reflito há algum tempo. Há bastante tempo. O que quero dizer? Não sei ao certo. Muitas coisas, mas que também podem ser ditas com meu silêncio.
Existem coisas que são muito difíceis de fazerem sentido. Acredito que quando esses questionamentos acontecem é porque de fato eles têm algum sentido, só que nossa capacidade intelectual, ou mesmo as nossas reações químicas, ignorância, não nos permite compreender. O sofrimento é uma escolha? E a felicidade? Se acreditarmos, que escolhemos sermos felizes, então o sofrimento também é uma escolha. Compartilho da opinião que o livre-arbítrio é uma das mais fantásticas ferramentas para a evolução do ser humano. Então se eu escolho a felicidade (claro, não sou besta) porque me angustio com algumas relações humanas? Porque sofro de amor, dor, cor, flor?
As relações humanas são orgânicas, vivas! Transformam-se e desenvolvem-se da mesma maneira que uma planta, fungo, ou animal. Através da nossa mais importante ferramenta, o livre-arbítrio, vamos moldando este “ser”, esta vida. É claro que na maioria das vezes (para não ser absolutista usando o sempre) não temos consciência de que o tempo todo estamos fazendo escolhas. De certa forma, acho que racionalizar todas nossas ações perderia a organicidade da relação.
Então, “porque me angustio com algumas relações humanas?”. Mesmo depois de ter feito minhas escolhas e estar certo do que quero (a certeza é perigosamente cega). Tal qual a relação humana, acredito que o sofrimento é uma fonte de evolução. Não me refiro ao sofrimento “banal”, a qual sabemos o seu por que. Mas ao sofrimento que liberta, emancipa. O que é incompreensível ao nosso intelecto-sensitivo, o que nos desafia, por não sabermos. Sofro e continuarei a sofrer enquanto continuar vivendo, amando e acreditando nas pessoas. Sofrerei sempre que este, o sofrimento, me alforria das pequenezas que envenenam a relação humana. E assim, tenho a felicidade por mim eleita.

J. Compasso


Trilha: Beirut – Elephant Gun