quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A volta dos desesperados


Como voltar sem se desesperar?
Fazer sem sofrer, morrer sem coçar, viver sem chorar?

A volta pertence única e exclusivamente aqueles que foram. Voltar é um estado de transe, transitório, é a ida, a volta, o caminho. A relação temporal também define uma volta, dependendo do tempo e da urgência da coisa.

A volta dos aventureros, dos engenheiros, loucos, enamorados e bobos; "a volta"! Essa palavra tão singular, sonora e simples perpetua-se no coração de quem espera. E quem espera é um refém lúdico da volta. Um aliciado do tempo, que em muitos casos se perde na linha imaginativa de desejos.

A única forma de se desgarrar da volta é não esperar. Não esperar nada em troca, não esperar uma continuidade, um favor, um abraço. Porém, fazer! fazer um carinho, uma delicadeza, um ato de solidariedade e amor. Assim, não terás "voltas", mas presentes inesperados, entregues a te com um coração. E tudo será novo, leve e livre das amarras da cobrança, troca, cambio, volta.

João Compasso

Leitura: Dramaturgia teatral de F. García Lorca
Música: Beirut - Scenic World
Foto: Woodstock 69 - Life