segunda-feira, 30 de março de 2009

Quero uma Mochila


Preciso ir, preciso pensar, preciso andar...

Quando me questionaram para onde eu iria na semana santa, senti estranhamente um sentimento paradoxal. Quase que ao mesmo tempo tive vontade de não ir a canto nenhum, mas tive também a simples vontade de ir.

Acho que no final das contas pode ser o mesmo sentimento só que camuflado. Não tenho vontade de ir a nenhum canto que me conduzam, quero ir, porém apenas ir. Pegar o carro e simplesmente ir. E se sentir fome, parar em algum restaurante beira de estrada, os famosos rodízios R$ 7,99, e comer. E se sentir sono, parar em algum lugar e durmir. Se tiver vontade de parar em um alto e ver o por-do-sol, faze-lo. Se a cidade em que eu passar me chamar, ficar o tempo necessário.

Preciso explorar esse sentimento que só cresce dentro de mim. Vive-lo enquanto se faz presente. Sou um espírito livre, sempre o fui. Não posso negar minha natureza, essa é minha sina.


J. Compasso

Trilha: "Quando eu te vejo passar" - Nelson Sargento
Película: "Linha de Passe" - 2008 (Dir. Walter Salles)

domingo, 29 de março de 2009

Es.cre.ver


Fazem alguns dias que não escrevo, creio, vejo.
Um turbilhão de acontecimentos levaram de certo modo a isto. Escrever, crer, ver me faz sentir mais vivo, mas o faço quando o necessito.


Bem como dizia a fantástica Lispector;

"... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."

[é "mara", peguei emprestado] Sigo sua linha de raciocínio e gostaria muito de ter a sua sensibilidade para a escrita. Como disse, muitas coisas aconteceram e me coloco mais reflexivo sobre algumas verdades.

Muita luz e amor a todos.

J. Compasso

Trilhas - "Like a Star" e "Enchantment" (Corinne Bailey)

sexta-feira, 27 de março de 2009

Na minha natureza Selvagem


Quinta-feira, 19 de março de 2009.
16:21h


O que você quer da vida? Para que estamos aqui na terra? Vocês podem achar que ando um pouco reflexivo, pelo texto de ontem e por essas minhas perguntas, mas os questionamentos sempre estiveram em mim, apenas estou mais latente. O que vejo hoje é que as pessoas nascem como se tivessem sido programadas. E este programação é em busca de um conforto, uma segurança para viver. Então, nascemos e nossos pais se matam de trabalhar para nos colocar no melhor colégio. Durante todo esse tempo a nos é cobrado às melhores notas a fim de que possamos estudar nas melhores universidades. Durante a faculdade a cobrança dos pais já não é tão incidente, porque eles acreditam que já “fizeram sua parte”. Depois disso, já temos a consciência incutida por nossos pais, reflexo da sociedade. Então, fazemos a universidade pensando em acabar, arrumar um dos melhores empregos para podermos ganhar muito dinheiro e principalmente gastar muito dinheiro. E depois, é a hora casar e ter filhos e trabalhar bastante para que eles possam seguir esse ciclo. E a nossa vida se resume a este ciclo de existência. Será que somos só isso? Será que o que podemos dar de melhor aos nossos filhos são colégios excelentes e ausência? Será que essa febre consumista traz realmente a felicidade?
Antes que concebam qualquer tipo de julgamento, vos digo que acredito sim que a formação escolar é essencial para o ser humano social. Assim, como acredito ser fundamental a formação humana, social, crítica de qualquer ser vivo. É mister se conhecer, constituir o auto-conhecimento. E seria impossível atingi-lo sem entrar em contato com a natureza, sem entrar em contato com o outro. É para isso é preciso desfazer de amarras competitivas. É preciso se permitir a observar um por do sol, a fechar os olhos e sentir prazer ao sentir o vento em seu rosto, a um banho de mar, ou rio.
Porém, para nos conhecermos de verdade é preciso mais. É preciso nos tornarmos mais vulneráveis. Viaje só, e veja como você fica mais perceptível ao outro e as coisas que giram em seu redor. Lembro-me quanto fiz meu primeiro “mochilão”, as pessoas me achavam um louco, porque eu não sabia meu destino, viajava só e sem celular. E respondia que não era loucura, porque a qualquer momento eu poderia ir ao aeroporto mais próximo e voltar para casa (afinal estava munido de cartão de crédito), ou ligaria para os meus pais. A viajem me acrescentou muito, me senti mais vulnerável, mas hoje vejo que era uma vulnerabilidade falsa, porque eu tinha dinheiro e cartões de créditos.
Não estou defendendo o extremismo, que devemos sair pela rua, nus. Acredito que naquela época, aquele foi o meu limite. E ao chegarmos ao nosso limite, ao vencermos o medo, nos tornamos maiores e conseqüentemente nos conheceremos melhores. Conheceremos ao outro melhor e a partir daí poderemos tudo. É preciso viver. E viver, é por se em risco. Só conheceremos mais de nós mesmos, se caminharmos por regiões nunca habitadas. Só nos conheceremos, se desafiarmos nossos limites.
Sugiro que desvende-se e renasça.

J. Compasso

Trilha: Eddie Vedder - Hard Sun
Sugestão de Filme: Na natureza selvagem (Into the wild - 2007)

domingo, 22 de março de 2009

Pessoas a sua vidas


Quarta-feira, 18 de março de 2009.
22:44h


Estou em meu quarto e reflito. Reflito há algum tempo. Há bastante tempo. O que quero dizer? Não sei ao certo. Muitas coisas, mas que também podem ser ditas com meu silêncio.
Existem coisas que são muito difíceis de fazerem sentido. Acredito que quando esses questionamentos acontecem é porque de fato eles têm algum sentido, só que nossa capacidade intelectual, ou mesmo as nossas reações químicas, ignorância, não nos permite compreender. O sofrimento é uma escolha? E a felicidade? Se acreditarmos, que escolhemos sermos felizes, então o sofrimento também é uma escolha. Compartilho da opinião que o livre-arbítrio é uma das mais fantásticas ferramentas para a evolução do ser humano. Então se eu escolho a felicidade (claro, não sou besta) porque me angustio com algumas relações humanas? Porque sofro de amor, dor, cor, flor?
As relações humanas são orgânicas, vivas! Transformam-se e desenvolvem-se da mesma maneira que uma planta, fungo, ou animal. Através da nossa mais importante ferramenta, o livre-arbítrio, vamos moldando este “ser”, esta vida. É claro que na maioria das vezes (para não ser absolutista usando o sempre) não temos consciência de que o tempo todo estamos fazendo escolhas. De certa forma, acho que racionalizar todas nossas ações perderia a organicidade da relação.
Então, “porque me angustio com algumas relações humanas?”. Mesmo depois de ter feito minhas escolhas e estar certo do que quero (a certeza é perigosamente cega). Tal qual a relação humana, acredito que o sofrimento é uma fonte de evolução. Não me refiro ao sofrimento “banal”, a qual sabemos o seu por que. Mas ao sofrimento que liberta, emancipa. O que é incompreensível ao nosso intelecto-sensitivo, o que nos desafia, por não sabermos. Sofro e continuarei a sofrer enquanto continuar vivendo, amando e acreditando nas pessoas. Sofrerei sempre que este, o sofrimento, me alforria das pequenezas que envenenam a relação humana. E assim, tenho a felicidade por mim eleita.

J. Compasso


Trilha: Beirut – Elephant Gun

Leves e mutanos


No começo era apenas azul. Sem momentos, nem sentimentos, era apenas azul. Limpo, forte, o céu refletia a terra se tornando seu mundo paralelo. Nesse imenso azul, sentíamos a ventania predominante forte, solitária e sem rumo. A sua força perante aquele cenário era tão intensa que surgiu não um barulho, mas um som, uma sinfonia que era regida na inconstância de veemência daquele vento frenético.
Porém, a partir do momento em que o sonho faz parte de nossas vidas, nos tornamos vivos. Nosso nascimento é como uma nuvem singelamente branca, suave e leve no meio daquele pleno tão pesado, ventilado, grande e azul. E apesar de ser apenas uma pequena nuvem, ainda em formação com dúvidas e incertezas, sua essência é forte e pura. Assim, foi levada de um lado para o outro, de cima para baixo, sendo moldada de diversas formas pela força dos ventos. Por mais que reagisse, estava sendo reformulada a cada segundo, em todos os momentos, apreendendo com suas experiências e se fortalecendo em seus ventos. Aos poucos a pequena nuvem, já não era mais tão pequena e possuía tamanha densidade, que os ventos menores já não a modificavam tanto. E com o tempo, essas transformações vão se tornando mais evidentes e constantes, fazendo com que sua essência nostálgica o qual ela foi constituída, concebida, desapareça, ou fique apenas guardada em uma memória distante.
Assim, essa nuvem vive uma série de mudanças; recebe, como nunca havia recebido, a densidade da água, mudando completamente sua estrutura, sua característica fisiológica, seu peso, sua cor. E depois de agüentar por algumas horas essa mudança, desaba-se e parte torna-se fragmentos materializados em cristais de água, que se espalham, espalhando um pouquinho dela pelo mundo. E depois dessa perda tão renovadora, transforma-se novamente em uma nuvem parecida com o que era no seu início. Na verdade, a velocidade desses movimentos é tão grande que ela torna-se uma brevidade de tempo e transformações.
Porém, essa é apenas uma etapa. Tal com as nuvens, nós temos um propósito maior. É preciso transcender em estados para se fazer vivo. É preciso desaparecer para se fazer presente.
Então, seremos novamente nuvens em busca de semelhantes para nós tornarmos mais fortes! Somos atraídos por uma energia que tramita em uma freqüência que seu acesso é regido por um absoluto (pensamentos) que todas as nuvens (pessoas) comungam. E em semelhantes criamos novas formas no céu (desta vez mais harmônicas e serenas) e nos espalhamos através de gotas d’agua mais inteiro, uno. Nós evoluiremos a cada movimento, a cada vento, e mudaremos, agora, a partir do nosso "livre arbítrio", que interfere nas nossas formas.
A Nuvem encontra-se e através do vento viaja e expande se em lacunas de vento até fazer-se aos olhos ignorantes, apenas vento.


J. Compasso

[texto ainda em construção, escrito em 31-05-08]

sábado, 21 de março de 2009

Namastê


Saudações aos bons!

Aos bem aventurados e de bom coração...
Aos de espíritos livres, leves, iluminados...
Aos que sentem prazer em abraçar e amar...
Saudação aos que sorriem também com o coração...

Mas também saúdo a todos que a mim vierem, mesmo sem a leveza que espero. Porque hoje se inicia um novo ciclo e para crescermos é preciso vivermos."O Deus que há em mim saúda o Deus que há em ti"

J. Compasso